Esta semana recebemos uma das notícias mais surpreendente dos últimos meses no universo social media. O fim das curtidas no Instagram. A decisão da companhia foi alvo de muitas críticas, mas também contou com o apoio de muita gente que enxerga um lado positivo nessa mudança.
Para entender melhor sobre as razões escondidas por trás da decisão, convidamos o estudante de psicologia Giovanni Prado para nos explicar um pouco melhor sobre como o fim das curtidas no Instagram pode ser algo muito positivo para essa geração digital.
Confira abaixo o que ele nos contou:
Com o corte das curtidas no Instagram, muitos usuários da rede social se manisfestaram contra a medida.
No entanto, o objetivo por trás da ação é muito interessante. Hoje em dia a sociedade se encontra em um sistema de aprovação social. A maioria das pessoas usa plataformas digitais. As redes sociais são fundamentais para saber se o que é postado é bem visto e se está dentro dos padrões do que é popular. Uma das redes mais acessadas para esse tipo de aprovação é o Instagram que, no dia 17 de julho de 2019, fez um comunicado avisando que os likes nas fotos teriam apenas a visibilidade do autor da publicação.
Podemos dizer que a sociedade está em uma constante cascata, onde o estresse, a ansiedade e a depressão já fazem parte de uma grande parcela da mesma. Existem inúmeros motivos para o ser humano estar sujeito a essas patologias e dentre elas está a rede social. De que maneira o mundo digital pode contribuir com essas doenças?
A busca pela idealização, pelo que é belo e pelo o que é aceitável, – quando as pessoas não atingem esses ideais –, se torna um gatilho para desenvolver ou manifestar a depressão, que pode ser de origem hereditária, ou ambiental.
As curtidas no Instagram tendem a “mostrar” o quanto nosso conteúdo é aceitável.
O problema é que quando não se atinge um determinado número de likes esperados, vem o desespero.
Além disso, é comum que o indivíduo se preocupe por não se encaixar no padrão do ser popular. Com isso vem o medo da exclusão, o medo de não ter um número de curtidas equivalente ou superior a seus amigos e pessoas que são bem vistas no mundo juvenil.
Infelizmente o ser humano tende a não sofrer de empatia quando estão atrás das redes sociais. Muito pelo contrário, a tendência é dar continuidade a uma gama de comentários e expressões hostis. Aliás, isso acontece principalmente quando o ato pode gerar muitas visualizações, o que pode proporcionar vários likes para o agressor.
Agora com a nova política de curtidas no Instagram, as pessoas podem se sentir mais seguras. De fato, não terão parâmetros de comparação em relação à popularidade, sobre o que é ou não aceitável na sociedade digital em que o usuário está inserido. Com a nova medida, não haverá tanta pressão pelo ideal, o molde que cada usuário deve seguir para ter a aprovação, para ser “curtido” pelos demais.
O intuito de se ter um perfil é para mostrar a sua própria história, mostrar quem você realmente é, é estar congruente consigo mesmo.
O objetivo é possuir um self ideal, ou seja, não vestir uma persona. Não é saudável vestir uma máscara mostrando ser quem não é apenas para receber curtidas. Hoje é comum ver que existem pessoas que vivem para atender as expectativas dos outros e assim, permaneçam em um mundo falso do qual não fazem parte.
O ser humano tem uma grande dificuldade de lidar com a frustração. Aliás, faz de tudo para não evitar a frustração. É muito comum o ser humano buscar moldes. É buscar por aceitação, e isso não é diferente no mundo virtual. Por esse motivo, existe a necessidade de mostrar aos espectadores uma realidade que não lhe é pertencente. As curtidas no Instagram não fogem desse parâmetro, inclusive compactuam para isso. Principalmente, quando o perfil é público e pode ser compartilhado para inúmeras pessoas.
A permissão de visualização de curtidas apenas para o autor da postagem, possibe que as pessoas sejam verdadeiras consigo mesmas. Assim, é possível ter a congruência de sua vida virtual com a sua vida longe das telas.
Giovanni Prado: 22 anos, estudante do último ano de psicologia na Universidade São Francisco, apaixonado por psicanálise e Netflix.
Mas e você, o que acha do assunto? Concorda com o fim das curtidas no Instagram ou está relutante em aceitar esta mudança? Nos conte a sua opinião!
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